V for Vendetta

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 Nota: Se procura pelo filme de 2006, veja V for Vendetta (filme).
V for Vendetta

Capa original da 1ª edição de 1988.
Editora(s) Reino Unido:
Quality Communications
Estados Unidos:
Vertigo (DC Comics)
França:
Delcourt
Primeira publicação série limitada publicada entre 1982 e 1983 na revista Warrior (seis edições e entre 1988 e 1989 terminada pela DC Comics (quatro edições)
Género anarquismo, mistério, pós-apocalíptico, anti-herói
Argumento Alan Moore
Desenho David Lloyd
Tony Weare
Colorista(s) Steve Whitaker
Siobhan Dodds
David Lloyd
Arte-finalista(s) David Lloyd
Tony Weare
Personagens principais V
Evey Hammond
Eric Finch
Título(s) em português V de Vingança
Editora(s) lusófona(s) Brasil:'
Abril Jovem
Panini Comics
ISBN 0-930289-52-8
Adaptação V for Vendetta

V de Vingança (versão em português para V for Vendetta) é uma série de histórias em quadrinhos escrita por Alan Moore e em grande parte desenhada por David Lloyd. A história se passa em um futuro distópico e pós-apocalíptico de 1997 no Reino Unido, em que um misterioso Revolucionário tenta destruir o Estado, através de ações diretas.

V de Vingança foi publicado originalmente entre 1982 e 1983 em preto e branco pela editora britânica Warrior, mas não chegou a ser finalizado. Em 1988, incentivados pela DC Comics, Allan Moore e David Lloyd retomaram a série e a concluíram com uma edição colorida. A série completa foi republicada nos EUA pelo selo Vertigo da DC e no Reino Unido pela Titan Books. No Brasil, foi publicada em 1989 em cinco edições em cores pela Editora Globo e mais tarde pela Via Lettera, em dois volumes em preto e branco; em 2006 teve uma edição especial pela Panini, em volume único, colorido e com material extra. Atendendo a pedidos, em 2012 a Panini relançou esta edição especial.

Enredo[editar | editar código-fonte]

O enredo é situado num passado futurista (uma espécie de passado alternativo), numa realidade em que um partido de índole totalitária ascende ao poder, após uma guerra nuclear. A analogia com o regime fascista é inevitável: o governo tem o controle da mídia, há uma polícia secreta e campos de concentração para minorias raciais e sexuais - à semelhança do que escreveu Hannah Arendt no seu livro "Origens do totalitarismo", de 1951. Existe também um sistema de monitoramento mediante o uso de câmeras, nos moldes de 1984, de George Orwell, escrito em 1948, quando o CFTV ainda não existia tal como é hoje.

A história em quadrinho foi escrita no momento em que a Inglaterra, sob a liderança da primeira ministra Margaret Thatcher, estava implementando o modelo econômico neoliberal, ao mesmo tempo em que o chamado socialismo real entrava em colapso na U.R.S.S..

"V" (codinome do protagonista) tem uma postura anarquista.

Nesta obra, o caráter totalitário do Estado é mostrado, tal como escreveram vários teóricos anarquistas - Enrico Malatesta (nos seus Escritos revolucionários), Mikhail Bakunin, Pierre Joseph Proudhon, Max Stirner, Emma Goldman, Piotr Kropotkin e Henry David Thoreau.

História[editar | editar código-fonte]

A história começa após o fim do conflito político, com os campos de concentração desativados e a população complacente com a situação, até que surge "V" — um anarquista que veste uma máscara estilizada de Guy Fawkes e é possuidor de uma vasta gama de habilidades e recursos. Ele então inicia uma elaborada e teatral campanha para derrubar o Estado, em grande parte inspirada na chamada Conspiração da Pólvora do início do século XVII, da qual Guy Fawkes participou.

Guy Fawkes.

No processo, conhece Evey, garota que perdeu os pais durante a guerra. Evey é tratada por V como aprendiz, sempre sendo apresentada à resquícios de uma cultura perdida por causa da guerra e degradação da sociedade.

Recepção[editar | editar código-fonte]

A edição de fevereiro de 1999 do "The Comics Journal" fez uma pesquisa sobre o "The Top 10 Comics of the Century" e "V for Vendetta" alcançou o 83º lugar.[1]

Em 5 de novembro de 2019, a BBC News listou V for Vendetta em sua lista de Lista dos 100 romances "mais inspiradores".[2]

Impacto cultural[editar | editar código-fonte]

O Anonymous, um grupo baseado na Internet, adotou a máscara de Guy Fawkes como seu símbolo (em referência a um meme da internet). Os membros do grupo usavam tais máscaras, por exemplo, durante os protestos do Projeto Chanology contra a Igreja da Cientologia em 2008. Alan Moore, o autor dos quadrinhos, falou sobre o uso das máscaras de Guy Fawkes, adotado a partir de V for Vendetta, em uma entrevista à Entertainment Weekly:

Eu também estava bastante animado outro dia quando assisti ao noticiário ao ver que houve manifestações em frente à sede da Cientologia por aqui e, de repente, vi uma filmagem mostrando todos esses manifestantes vestindo as máscaras de Guy Fawkes de V for Vendetta. Isso me agradou. Isso me deu um pouco de entusiasmo.[3]

Segundo a revista Time, a adoção da máscara por manifestantes levou a se tornar a máscara mais vendida na Amazon.com, vendendo centenas de milhares de exemplares anualmente.[4]

Membros do grupo Anonymous usando a máscara de Guy Fawkes em Los Angeles, Estados Unidos, em 2008.

O filme supostamente inspirou alguns dos jovens egípcios, antes e durante a revolução egípcia de 2011.[5][6][7][8]

Em 23 de maio de 2009 manifestantes vestidos como o personagem V e usaram um barril de pólvora falso no Parlamento do Reino Unido, em Londres, enquanto protestavam contra as despesas dos deputados britânicos.[9]

Durante o movimento Occupy Wall Street, nos Estados Unidos, e em outras manifestações semelhantes ao redor do mundo, a máscara tornou-se conhecida internacionalmente[10] como um símbolo da revolução popular. O artista David Lloyd, declarou: "A máscara de Guy Fawkes tornou-se uma marca comum e um cartaz conveniente para usar em protestos contra a tirania — e eu estou feliz que as pessoas a usem, parece bastante original, um ícone da cultura popular sendo usado para este caminho."[11]

Em 17 de novembro de 2012, policiais em Dubai advertiu contra o uso de máscaras de Guy Fawkes pintadas com as cores da bandeira dos Emirados Árabes Unidos durante qualquer celebração associada com o "Dia Nacional dos Emirados Árabes Unidos "(2 de dezembro), declarando que tal uso um ato ilegal.[12]

Durante os protestos no Brasil em 2013, vários manifestantes também usaram a máscara como símbolo de suas reivindicações.[13][14]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. The Comics Journal No. 210, fevereiro de 1999, página 44
  2. https://www.bbc.com/news/entertainment-arts-50302788
  3. Gopalan, Nisha (21 de julho de 2008). «Alan Moore Still Knows the Score!». Entertainment Weekly. Consultado em 27 de julho de 2013 
  4. Carbone, Nick (29 de agosto de 2011). «How Time Warner Profits from the 'Anonymous' Hackers». Time. Consultado em 27 de julho de 2013 
  5. "V for Vendetta": The Other Face of Egypt's Youth Movement, Jadaliyya
  6. «Cópia arquivada». Consultado em 27 de julho de 2013. Arquivado do original em 22 de janeiro de 2013 
  7. «Cópia arquivada». Consultado em 27 de julho de 2013. Arquivado do original em 12 de janeiro de 2013 
  8. http://english.ahram.org.eg/NewsContent/5/35/34075/Arts--Culture/Stage--Street/V-for-Vendetta-masks-From-a-s-comic-book-to-the-Eg.aspx
  9. «BBC.com news report, Saturday, 23 May 2009 16:49 UK». BBC News. 23 de maio de 2009. Consultado em 27 de julho de 2013 
  10. The Sydney Morning Herald. 14 de outubro de 2011 http://www.smh.com.au/nsw/v-for-vague-occupy-sydneys-faceless-leaders-20111014-1loy6.html  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  11. Waites, Rosie (20 de outubro de 2011). «V for Vendetta masks: Who». BBC News. Consultado em 27 de julho de 2013 
  12. Barakat, Noorhan (17 de novembro de 2012). «Vendetta masks in UAE colours draw warning». Gulf News. Consultado em 27 de julho de 2013 
  13. Portal Terra, ed. (20 de junho de 2013). «Manifestantes adotam máscara de 'V de Vingança' como símbolo de protestos». Consultado em 27 de julho de 2013 
  14. Mariana Zylberkan (30 de junho de 2013). Revista Veja, ed. «Máscara de V de Vingança vira alvo de pirataria». Consultado em 27 de julho de 2013 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]